Quando olho ao meu redor, tudo se reflete, tudo brilha, tudo cintila. 

Tudo é luz e cor.

Transformar aquilo que vejo  em arte torna-se então uma necessidade quase vital.

Minha pintura segue um processo
lento para imortalizar um
instante fugaz.

Eu procuro a luz,

luz que se vê no movimento das águas, no brilho das pedras, na transparência do vidro, nos reflexos do metal, da porcelana...Muros banhados pelo sol de verão, bruma calma da manhã, luz pálida de inverno, 
cores luminosas de uma tarde ensolarada, nuances sutis na claridade dos cômodos,
a luminosidade de um corpo, de um rosto.

Gosto que
minhas fotos pareçam
pinturas.

O Mediterrâneo, fonte inesgotável de inspiração.

A máquina fotográfica e o computador são para mim como um caderno de esboços.

Com a câmera, registro a atmosfera de um instante efêmero.

Em meu atelier, disseco essas imagens, recorto-as, acentuo certas cores e suavizo outras.

Tento, nessas fotos,  recriar a lembrança  desse momento. Elas são como croquis... Espontâneas, não muito elaboradas. 

Uma vez impregnado dessas imagens, começo a pintar a tela branca, cobrindo-a rapidamente com grandes manchas de cor e desenhando a estrutura da obra com meus pincéis.

As fotos são importantes para criar a espinha dorsal da imagem final.

Mantenho o computador ligado, ao alcance do meu olhar, como se fosse um modelo vivo posando para mim.

Depois que a imagem é fixada na tela, dou-lhe vida e movimento com sucessivas camadas de cores.

Imaginação e surpresa

Quero criar obras que prendam o olhar e, ao mesmo tempo, ofereçam espaço à imaginação e à surpresa.

Seria a interpretação de uma certa realidade , e não uma vã tentativa de imitá-la.
Captar luz, ar, movimento, sombras e vibrações, com tintas e pincéis.

Sou um pintor brasileiro que vive e trabalha no Sul da França, em um vilarejo no Golfo de Saint-Tropez.

Minhas principais formas de expressão são a pintura a óleo e o desenho com lápis de cor.

Formado em Arquitetura e Urbanismo, inicio minha vida profissional em uma agência de publicidade, como diretor de arte.  

Em 1983, viajo para a Europa e decido morar em Londres, onde estudo desenho e pintura. Nove anos depois, mudo-me para Paris. Volto a morar no Brasil em 1998 e retorno à França em 2001. Desde então, vivo na Provence. 

Aprendi desde criança
Que é melhor me calar
E dançar conforme a dança
Do que jamais ousar
Mas, às vezes, pressinto
Que eu não me enquadro na lei.

Marina Lima e Antônio Cícero

A música, um elo eterno com minhas raízes, me acompanha em meu trabalho, sempre ondulando no ar.

Nasci e cresci no interior de São Paulo. Assim como meu sotaque, isso será sempre uma parte indelével de meu DNA.

O artista, que tem o privilégio de ver e sentir de maneira única, deve, através seu trabalho, tocar e estimular o cérebro e o coração, ou seja, alçar a vida daqueles que são sensíveis à sua arte a um estado superior de sensibilidade, devaneio e imaginação.

As imagens criadas por este artista plástico são algo de tão extraordinário e fascinante que lembram miragens fabulosas fabricadas pelo milagre natural da luz do sol ao encontrar-se e refletir-se no espelho das nuvens e das dunas.

jorge mautner

textos e fotos: geraldo ramos
design: silvia ribeiro